segunda-feira, 17 de agosto de 2009

16/08/09 - Com a Cabeça nas Nuvens ( escalada nas Prateleiras)

O mundo é tão vasto que mesmo nos esforçando muito, etendo uma vida longa, só conseguiremos conhecer uma pequena parte dele, assim sendo não há tempo a perder, nossa única possibilidade de realizar nossos sonhos, ser feliz e visitar lugares especiais é aqui e agora, no presente. Apesar de já ter viajado um pouco pelo Brasil, constatei que existem belos lugares, aqui mesmo na região, que ainda não conhecia, e as prateleiras eram um deles. A serra de Itatiaia e o pico das agulhas negras fazem parte do nosso cotidiano, estão sempre ao alcance de nossas vistas, mas infelizmente a verdade é que grande parte das pessoas só as vêem de longe, mas nunca vão lá para conhecer de perto suas belezas, muita das vezes até se vão desse mundo, sem nunca terem por um dia sequer de suas vidas, estado lá em cima,"com a cabeça nas nuvens". Fiquei sabendo da excursão da Márcia e Jerônimo, e logo já reservei minha vaga, a ocasião era mais que propícia visto que os 2 são alpinistas, guias e grandes conhecedores daquela região, além disso essa é a melhor época do ano para escaladas, e afinal de contas, canelas de aço, não servem só para pedalar, também servem para escalar. Nos reunimos no centro da cidade e embarcamos na van, era um grupo muito bom, todos super gente boa e animados o que fez com que a excursão se tornasse ainda melhor, logo chegamos no registro e adentramos uma estrada bem precária, cheia de pedras e buracos que leva a portaria do parque, andamos uns poucos kilômetros e logo a van apresentou problemas mecânicos, quebrou, parou e não mais andou, não teve jeito tivemos de descer e ir caminhando, mas foi legal, enquanto caminhávamos íamos apreciando as lindas vistas e a mata, e também nos aquecendo pois estava frio demais, eu e o Jeffinho até conseguimos ver um jacú e logo em seguida um macaco, o Jeffinho achou o jacú muito bonito, o que prova que nesse mundo existe gosto para tudo, pois já é sabido por todos que o jacú é uma ave muito feia e desengonçada. Quanto ao macaco, nem deu para saber se era feio ou bonito, pois era muito arisco e logo sumiu no meio da vegetação. Seguimos em nossa caminhada e começamos a ficar preocupados, pois ir a pé até aportaria demoraria muito, e acabaria comprometendo nosso passeio, pelo que o Jerônimo falou só daria para ir até a base das prateleiras, a galera ficou um pouco decepcionada pois ninguém estava nem ai para a base, "PELO VISTO PARA A MAIORIA DELES SÓ ESCALAR E ATINGIR O CUME DAS PRATELEIRAS INTERESSAVA ". Seguimos em frente e alguns poucos conseguiram carona, o restante continuou lá gastando a sola dos calçados. Mas não é que de repente avistamos uma linda e reluzente camionete prateada, nissan, cabine dupla, não pensamos 2 vezes e pedimos carona, felizmente ela parou, me dirigi ao motorista e expliquei a ele que teria que levar 9 pessoas, achei que ele ao saber disso, ia negar, pisar fundo no acelerador e sair batido, mas o motorista foi super gente boa e concordou em nos levar, sua única exigência foi que todos fossem na carroceria, sentados ou agachados, de pé nem pensar. Os lugares vazios na cabine dupla não foram oferecidos nem as damas presentes. A camionete de tão pesada que ficou, toda hora batia o fundo no chão, ficamos até preocupados do motorista se arrepender, voltar atrás, e mandar todo mundo descer, mas felizmente isso não aconteceu, fomos super espremidos mas felizes, apesar de desconfortável foi muito divertido e o que antes era preocupação se tranformou em alegria e satisfação, pois essa providencial carona, fez com que o cronograma de nossa escalaminhada voltasse ao normal. A camionete nos deixou em frente ao abrigo rebouça se dali seguimos a pé até as prateleiras, era um caminho muito bonito, e logo avistamos o pico das agulhas negras e também ficamos conhecendo uma montanha que lembra um leão deitado (esfinge do egito). A luz do sol quando incide sobre as pedras e montanhas dessa região faz um contraste com a sombra e cria um visual muito bonito e interessante, que vai mudando com o passar das horas. As nuvens também colaboram para a beleza do local, por si só já são belas, mas alí aparecem em formas estranhas. Mas mesmo as pedras menores e mais humildes e também a vegetação nos surpreendiam pela beleza. Enfim chegamos nas prateleiras propiamente ditas: É diferente de tudo que já ví, pois dá a impressão que as gigantescas pedras foram jogadas alí aleatoriamente, de qualquer maneira, e elas se apresentam de uma maneira confusa, desorganizada eu diria até caótica, e isso sem falar nas formas diferentes e inusitadas dos enormes rochedos, algumas das pedras dão a impressão de que se equilibram de maneira precária e estão prestes a cair, na mesma hora gostei e me indentifiquei com esse lugar, pois eu, assim como as prateleiras, também sou um pouco confuso e desorganizado. Seguimos em nossa excursão ou melhor dizendo "escalaminhada" e logo chegamos na base das prateleiras, lá a Márcia Stage nos mostrou o maior dos rochedos e falou que era "o pensador", é verdade, ele lembra vagamente a famosa estátua de autoria de Rodin, alí recebemos as instruções dos guias e descansamos um pouco, enquanto estava ali ví que o cume das prateleiras é muito alto, e quando as nuvens passavam acima delas, dava a impressão que aquelas enormes pedras iam despencar em cima da gente, é uma sensação estranha, chega até a dar um pouco de medo. Teve certa hora que ví 2 alpinistas no cume, fiquei espantado dever os 2 lá naquela altura, fiquei até preocupado, pois estavam bem na beira do precipício. O Jerônimo convocou a galera para o início da escalada, eu estava bastante tenso e preocupado, mas não deixei transparecer, estava pensando seriamente em ficar só na base, mas depois pensei melhor e decidi ir, assim foi, seguimos em frente fomos pela via sul que segundo o Jerônimo é a via mais fácil, no início tinha terra sob nossos pés, mas logo só haviam pedras, subimos muito, e pedra após pedra fomos lentamente galgando as alturas, mas não foi nada fácil, muitas da vezes passamos em fendas estreitas, entramos em gruta, e em determinadas situações tínhamos que fazer contorcionismos para passar entre as rochas, isso sem falar nos momentos em que tínhamos que saltar de uma rocha para outra e também no intenso esforço físico e tensão, pois os abismos de grande profundidade estavam sempre ali, ao nosso lado, teve até uma certa hora que o Candiotto falou que aquele trajeto não devia se chamar via sul, e sim " via crucis", apesar dos perrengues valeu a pena, pois a cada momento nos deparávamos com um visual de tirar o fôlego de tão bonito que era. A medida que subíamos tudo ficava mais difícil, pois em certos trechos os paredões eram quase verticais, e a gente até evitava de olhar para baixo, mas fomos superando nossos medos e seguindo em frente, a certa hora tivemos de descer de ré, quase na horizontal, segurando em uma corda cheia de nós, no começo deu um pouco de medo, (da corda arrebentar e ainda por cima ter de cair no colo do Jerônimo) mas logo pegamos o jeito e tudo se tornou mais fácil, depois, já próximo ao cume, subimos um paredão íngreme também segurando a corda, mas enfim chegamos no cume, a galera levou um certo tempo para comemorar o sucesso da escalada e apreciar a vista, pois estavam todos cansados e também um pouco assustados com a grande altura e os precipícios ao redor. Todos se superaram, venceram seus medos, e conquistaram a montanha, mas também temos que agradecer ao Jerônimo e Márcia que conseguiram passar muita tranquilidade e segurança para todos. Destaque também para a nossa amiga Cátia, que teve muita força de vontade, superou seus medos e dificuldades e acabou aos trancos e barrancos (digo: aos trancos e abismos) chegando no cume, mas ainda assim, seu marido, o Candiotto, não se deu por satifeito e ainda a convenceu a saltar sobre um abismo descomunal para chegar em um outro cume. Mas enfim, nos recuperamos, assinamos o livro de visitas tiramos uma foto com a bandeira nacional, e passamos a apreciar a beleza do cume, a sensação de estar lá em cima com a cabeça nas nuvens e ainda assim com os pés no chão era indescritível, a beleza do lugar era impressionante, para cada lado que olhávamos tinha lindas montanhas sendo a mais bela de todas o pico das agulhas negras, cuja forma das pedras lembrava vagamente uma cascata, também se destacava a vista do vale do paraíba, dava para ver várias cidades da região com a serra do mar ao fundo e a represa do funil, Andamos lá em cima, mas sempre com muito cuidado e receio, pois os precipícios ao nosso redor eram bastante intimidadores. A galera estava tirando muitas fotos, geralmente de pé, mas de repente veio um rajada de vento tão forte e assustadora que derrepente muitos se deitaram e ficaram com as unhas cravadas na pedras de tanto medo de serem arremessados dali de cima pelo vento. Mas a ventania se foi e ficamos mais tranquilos, e ficamos por um bom tempo comtemplando a paisagen, desfrutando daquela paz, e ouvindo a voz do silêncio. Mas descer era preciso, e tudo correu bem, reencontramos a Alice que tinha tinha desistido no meio da subida e havia e ficado nos esperando, ilhada em cima de uma enorme pedra e cercada por todos os lados por um mar de abismos, logo chegamos na base, onde descansamos e lanchamos e ainda tivemos a sorte de comer um delicioso empadão, dali retornamos para a portaria. Fomos conversando bastante pelo caminho, e o nosso guia Jerônimo nos brindou com histórias pavorosas sobre acidentes com mortes, amputações e fraturas ocorridos nas montanhas, cada história era mais trágica que a outra, cheguei até apensar que eram fictícias, mas não, ele jurou de pés juntos que eram histórias reais. Ainda bem que ele contou só na volta, depois da descida, porque se fosse antes, ninguém ia querer escalar, com certeza todos, inclusive eu, ficariam só na base. Seguimos em nossa caminhada, foi tudo bem, só a certa hora nossa amiga Inês, foi acometida por fortes câimbras nos pés, mas felizmente teve a sorte e felicidade de ter os seus pés massageados pelo Jorge, que até então não sabia que era massagista, só sabia que era dentista, mas graças ao Jerônimo ficou sabendo desse seu novo dom, a massagem foi ótima e a Inês melhorou, e logo em seguida melhorou ainda mais pois o Jerônimo também se ofereceu para massagear o outro pé. Caramba......é muita mordomia!!!! Se continuar assim a Inês vai acabar ficando mal acostumada!!!. Embarcamos na van e seguimos para Resende, da janela vimos um lindo por do sol, enquanto o Jerônimo nos contava piadas de gaúchos ou melhor dizendo: piadas de "gayúchos", fizemos uma breve parada no registro e fomos no bar do seu Manoel, onde comemos pastel e tomamos pinga com mel (Ihh rimou !!!! ). Também compramos linguiças, queijos e doces, sendo que alguns, antes de comprarem o queijo, pediram para experimentar umas fatias, pois estavam em dúvida se levariam, minas ou parmesão, e nessa de experimentar, acabaram comendo gratuitamente um queijo inteiro. Voltamos para a van e seguimos nossa viagem, logo a pinga com mel já começou a fazer efeito, pois a galera se soltou e falaram muita bobagem, foi divertido e rimos bastante. Enfim foi um ótimo passeio, e com certeza cada um de nós trouxe dentro de si, como uma lembrança, um pouquinho daquela paz e tranquildade das montanhas. Valeu amigos!!! Foi muito bom e divertido escalar com vocês !!!

Mais Fotos: www.picasaweb.google.com.br/jorgelznogueira/Prateleiras

http://picasaweb.google.com/fzcandioto/PrateleirasCandioto?feat=directlink

http://picasaweb.google.com/marcia.stage/Prateleiras160809

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=OxcFIbcLj1I

2 comentários:

Unknown disse...

Gostei muito dessa aventura,pois é um lugar muito maravilhoso que nem todos podem chegar.
Pois são pequenos e grandes obstáculos q só a natureza pode explicar,o homem jamais diz o porquer desse lugar é inesplicável.
valei apena essa aventura pos conheci pessoas legais q jamas vou gonseguir esquecer,só conseguimos chegar lá por causa do companherismo de todos(as).

Michel Schanuel Girardi disse...

Parabéns Jorge. Entendeu agora o espírito de ter " a cabeça nas nuvens"? rsrs

A pedra que vc mencionou ter a aparência de um leão deitado chama-se Pedra do Camelo ;)

As fotos ficaram D+

Abraço!