domingo, 27 de setembro de 2009

Minha participação na copa Agulhas Negras de Mountain Bike (categoria cicloturismo)‏

A princípio pensei que o mountain bike seria uma paixão passageira, mas não, ele veio para ficar, cada vez gosto mais, as vezes chega a ser cruel de tão cansativo e desgastante, mas a sensação que temos, ao final de cada passeio ou competição, por termos superadoos desafios é única, e sempre deixa um gostinho de "quero- mais". Apesar dos perrengues que passamos, é um esporte e tanto, e não deixa de ser uma analogia de nossa própia vida com seus altos e baixos, dificuldades e obstáculos, e na qual também temos que nos levantar após as quedas, e no mtb, assim como na vida, precisamos sempre seguir em frente. Após um passeio no qual pedalamos pela noite adentro, com a brisa fresca da noite e tendo sobre nossas cabeças a lua e estrelas com sua luz suave, dessa vez nós fomos para o extremo oposto, pedalamos ás 10:30 da manhã com o sol apino sobre nossas cabeças. Compareceram muitos bikers de toda a região e tambem de lugares distantes. Participei na categoria cicloturista, que teve trajeto de 43 kms, o mesmo do juvenil e feminino. Era para começar as 9:00 mas como muitos fizeram a inscrição na hora a largada atrasou muito, a galera ficou muito ansiosa, não só pelo atraso em si, mas também por causa do sol que acada minuto ficava mais forte. Finalmente foi dada a largada, que foi dentro do parque de exposições, saímos disparados e logo de cara já nos deparamos com o morrão, é uma subida bem cascuda que calou a boca de muita gente, e olha que isso ainda era apenas uma pequena amostra do que ainda estava por vir. Sofri "um pouco " no morrão, mas subi, comigo estavam vários conhecidos entre eles o Torrão, Alice, Cíntia , Otton e Renato. Gosto muito de tirar fotos, mas dessa vez passei minha máquina para o Otton, pois parar para fotografar poderia comprometer a minha "performance". Me esforcei bastante e logo me distanciei bastante dos amigos, senti até um pouco de tristeza, pois gosto muito da companhia deles, mas ...competição é competição e além disso, "ciclisticamente" falando eu tenho um nome a zelar. Após o morrão havia um delicioso downhill, soltei os freios e mandei ver, pois e estrada apesar das chuvas dos dias anteriores estava boa, bem lisinha e com poucos trechos de barro, é uma região bonita, embora muito descampada, raras vezes passamos sob sombras de árvores ou florestas. Nesse trecho inicial fui super bem e cheguei a pedalar um bom tempo sozinho, pois eu estava bem na frente de muita gente e também muito atrás dos elites. Fui seguindo sozinho, mas poucos kilômetros depois ví ao longe a Márcia Stage, fiquei super feliz pois achei que estava indo bem, e pensei comigo mesmo que se eu conseguisse ficar mais ou menos próximo a ela conseguiria uma boa classificação, pois afinal de contas ela e o Jerônimo (mozão) quase sempre conseguem subir no pódium. Mas, por mais que me esforçasse nunca conseguia ficar perto da Márcia, pois ela sempre disparava, até que num descidão eu soltei os freios totalmente e consegui me aproximar, não precisou nem chegar muito perto para constatar que não era a Márcia e sim uma outra menina que desconheço totalmente, isso foi um balde de água fria em minhas pretensões, pois além do vacilo, ainda caí na real que não estava tão bem como pensava, é..... pelo que vejo a partir de agora vou ter que pedalar usando óculos de grau ou melhor ....vou passar a levar uma luneta. Mas acompanhar a menina desconhecida foi bom para mim pois isso fez com que eu mantivesse um bom ritmo, ainda a acompanhei por um bom tempo, até que encontrei o Patrick (tico) e ví que ele não estava passando muito bem, resolvi acompanhá- lo até me certificar que ele estivesse melhor, insisti para ele parar, mas ele não quis, foi super raçudo e apesar das adversidades completou aprova. Estava indo bem e na estrada da limeira fui em grande velocidade, pois é mais ou menos plano. Segui em frente e cheguei na rodovia dos tropeiros, só que não cheguei a andar nem uns 200 metros nessa rodovia e logo já entramos novamente em estrada e terra (resende-riachuelo). Logo já me deparei com um subidão super cascudo que além disso era também muito longo e parecia nunca ter fim. Mas fui aos trancos e barrancos, devagar e sempre, aos poucos vencendo esse subidão, mas não foi nada fácil pois nessa altura do dia o sol estava fortíssimo e estava sugando rapidamente minhas forças, e, para acabar de completar surgiu uma dorzinha chata nas costas que não me deu trégua, esse subidão estava acabando comigo, pensei seriamente em descer e empurrar a bike, mas não fiz isso porque ia me atrasar muito, apesar do sofrimento fui seguindo em frente, pedalei, pedalei e pedalei até que de repente mais ou menos no meio do subidão medonho, eu me deparei com um carro encostado junto ao barranco e junto ao carro um casal com uma garrafa grande de coca-cola geladinha, e não é que para minha surpresa, sorte e alegria, de repente, eu ouvi o rapaz me chamar de George (apelido que me foi dado pelo Alexandre e que pelo visto está pegando), me virei para ele e logo o reconheci, era o mesmo que me havia conseguido água lá no campeonato de XCO, ele me cumprimentou e logo em seguida me trouxe um copo de coca geladinha, huuuuuummmm .... que delícia ..... essa com certeza foi a coca cola mais gostasa que bebi em minha vida, saboreei cada gole, e quando acabou cheguei a lamber o copo para saborear até a última gota. A coca-cola me forneceu o gáz que faltava pra eu vencer o subidão, finalmente cheguei no topo, e dali fiz um delicioso downhill. Enfrentei outras subidas mas nenhuma tão cascuda como aquela, fiquei cansado denovo, mas tive muita força de vontade e segui em frente, pois não via a hora de chegar logo na reta final, também tive sorte pois o motoqueiro que estava dando apoio era super gente boa e sempre me dava um incentivo, depois de certo tempo parece que recobrei as forças e de novo fui super bem, disparei, achei que iríamos pela estrada resende riachuelo até a exposição, mas estava enganado, de repente havia um desvio a direita, entramos ali e logo já estava de novo na região do morrão. Nessa região novamente enfrentei muitas subidas, algumas bem cascudas, mas felizmente não eram muito longas. Nessa altura do campeonato o calor já estava acabando comigo, estava extremamente acalorado, e para piorar ainda mais minha situação estava usando uma camisa vermelha (vermelho -brasa) o que aumentava ainda mais a sensaçaõ de calor. Teve uma hora que pensei seriamente em tirar um pouco das roupas e pedalar só de bermuda, também a certa altura passei ao lado de um brejo e me deu muita vontade de entrar lá e ficar deitado na água para refrescar e ao mesmo tempo descansar, só não o fiz porque certamente eu não conseguiria mais me levantar e voltar a pedalar. Mas tive força de vontade e segui em frente. O calor não dava tréguas, mas continuei, até que cheguei em outro subidão, tentei subir pedalando, mas não teve jeito, dessa vez precisei descer e empurrara bike, subi, subi e subi, não havia alternativa, tive que seguir em frente e sofrer calado, pois não havia ninguém, num raio de kilômetros, para ouvir minhas queixas, compartilhar de meus sofrimentos e me consolar. Finalmente cheguei no topo, mesmo empurrando não foi nada fácil, pois o sol a pino estava sugando minhas energias, naquela altura do percurso meu cansaço era extremo, quando parei para tirar a "água do joelho" minha vista chegou a escurecer, precisei até me encostar no barranco de medo de cair no chão, decidi parar um pouco, tomei meu gel de proteínas e bebi bastante água que por sinal estava bem quente de tanto sol que tomei nas costas, e fiz uns alongamentos. Essa parada foi ótima, pois renovou minhas energias, subi na bike e mandei ver, subi e desci mais algumas vezes, e, de repente me deparei com uma linda vista da cidade. A visão da cidade foi como se eu"tivesse saindo do inferno e avistando o paraíso", a cidade para min foi um incentivo e tanto, eu disparei, mesmo nas subidas usei o coroão e fui a mil, logo cheguei no morrão propiamente dito, onde me deparei com uma corrida de motos e muitos motoqueiros e transeuntes, passei por eles a mil por hora, alguns transeuntes chegaram até me chamar de irresponsável e imprudente, mas eu nem liguei, segui em frente pois não via a hora de ter acesso a sombra e água fresca. Fiz o último descidão e finalmente ultrapassei a linha de chegada onde mal acreditei que aquele sofrimento todo finalmente tinha terminado. Obtive uma boa classificação, fiquei feliz. Dali segui para o parque de exposições onde me juntei aos demais que já haviam chegado, lá finalmente pude ter meu tão sonhado e merecido descanso, com direito a sombra e água fresca, lá, no stand do Fabinho, que acabou se tornando o point de descanso de toda a galera. Conversei bastante com os amigos e falamos dos perrengues por que passamos. Na hora que cheguei alguns elites já tinham retornado, entre eles o Paulinho e Márcia Stage que ficaram ambos em segundo lugar. Após isso tirei algumas fotos, me despedi dos amigos e voltei para casa pois estava extramente cansado e por isso não quis esperar pela premiação. Cheguei em casa super cansado, mas feliz por ter superado mais esse desafio.

Mais Fotos: www.flickr.com/photos/jorge_nogueira/sets/72157622347458389/

Um comentário:

Michel Schanuel Girardi disse...

Parabéns pela boa classificação Jorge! Realmente domingo o Sol estava muito forte, ao ponto de fundir a cuca de qualquer um.

Competição é mt bom, mas pedalar sem tanta correria e poder aproveitar os atrativos da natureza é melhor.

Um abraço!