segunda-feira, 28 de março de 2011

Big Biker 2011 - Itanhandú MG

Sol forte, serras, subidas, subidas e mais subidas, estradão, estradinhas, asfalto, trilha e até um downhill em single track, tudo isso com direito a muito cansaço, perrengues... e dessa vez até sêde, a prova foi extremamente cascuda, o negócio foi feio, mas big biker é big biker, quanto mais participo mais eu gosto. Apesar de Itanhandú já ser minha velha conhecida, dessa vez parece que foi diferente ...diferente pra pior ...rss....rss...rss... Após dias de espera e grande expectativa finalmente chegou a hora, estava na praça central de Itanhandú aguardando o início da prova. Foi dada a largada, eu mais 700 bikers saímos em disparada, eram tantas bikes que teve até engarrafamento, e quando entramos na estradinha de terra levantou um baita poeirão, mas pouco tempo depois o trânsito foi ficando mais tranquilo e a poeira abaixou ...rss...rss..rss... Como sempre meu motor demorou para esquentar, mas depois que esquentou ninguém mais me segurou, enfrentei com muita garra e determinação a primeira subida e depois todas as outras, quando chegamos no asfalto eu estava ainda com todo o gáz, também passei na trilha numa boa e pouco tempo depois já estava passando pelo ponto de apoio onde vi vários amigos que me deram força e incentivo, até nesse ponto ainda estava super bem, tão bem que nem quis parar para beber água e comer alguma coisa. Segui em frente e finalmente cheguei na serra do palmital, essa serra em si não é tão cascuda e sua subida não é muito íngreme, mas o problema é que quando chegamos nela já estamos bem cansados devido aos vários kms de subidas já pedalados, mas nem o subidão me desanimou , continuava numa boa... Estava me achando!!! Até quase o topo do palmital eu ainda pedalei bem... mas (no mountain bike sempre tem um "mas" pra atrapalhar a gente) subitamente fui atacado por fortes dores na lombar, junte se a isso o sol fortíssimo sobre minha cabeça e para piorar um pouco mais minha já delicada situação o meu pé esquerdo começou a doer, constatei que a sapatilha estava soltando a sola. A partir daí meu pedal se tornou um tormento, o que antes era alegria e animação se transformou em dor e frustração. A dor ia e voltava. Por sorte no alto da serra haviam trechos mais ou menos planos onde dava para pedalar em pé, o que aliviava um pouco as dores. Essa parte foi terrível, cheguei a pensar que aquilo tudo não passava de loucura e insensatez. O que eu estava fazendo ali??? sozinho no alto da serra sofrendo feito um condenado quando poderia estar em casa numa boa, confortavelmente instalado. Mas uma vez ciclista (digo ciclo-masoquista ...rss...rss..rss...) sempre ciclista e desistir nem pensar. Logo me lembrei das palavras do Lance Armstrong: A DOR É MOMENTÂNEA E PASSAGEIRA ...MAS O DESISTIR É PARA SEMPRE, tratei de por minha força de vontade, garra e determinação em prática e segui em frente. Logo já estava no downhil em single track, ali esqueci momentâneamente das dores, deixei o medo de lado e despenquei(digo, disparei ...rss...rss...rss...) serra abaixo, a bike pulava e vibrava muito, parecia que estava segurando uma britadeira, a adrenalina foi a mil, quando cheguei lá embaixo parecia que os ossos e até o cérebro estavam todos tremendo, desconjuntados, e fora do lugar ...rss...rss...rss..... mas foi bom demais, gostei, com certeza o melhor trecho do percurso. Após o downhill já começava o trecho final, as dores ainda persistiam embora um pouco mais fracas, segui em frente. Foi tudo mais ou menos bem e em velocidade reduzida, só que acerta altura meu camel back secou, estava com uma sede terrível com a boca completamente seca. Mas, apesar de extremamente sedento, estava tranqüilo pois sabia que o último ponto de água estava próximo, lá eu desceria da bike e finalmente mataria minha sede, com certeza tomaria uns 10 copos de água, no mínimo. Finalmente cheguei no ponto de hidratação.... Ahh que alívio!!! Água fresca finalmente!!! Pensam que matei minha sede??? Estão redondamente enganados!!! A água já tinha acabado faz tempo!!! Lá só haviam copinhos vazios...rss...rss...rss... Continuei com sede .... digo com sede e com raiva. Mas fazer o quê ??? Seguir em frente era preciso, não havia opção, era pedalar ou pedalar, e tratar de logo chegar para o sofrimento terminar. Continuei e quando faltavam cerca de 4 kms para a reta final, eu comecei a me sentir mal, meio tonto, aéreo, sem forças. Pensei seriamente e deitar numa sombra e esperar melhorar, mas prontamente descartei tal idéia, porque se eu deitasse eu tão cedo não me levantaria e além do mais a cidade já estava bem próxima. Fui aos trancos e barrancos hora pedalando, hora empurrando escorado na bike, até que para minha sorte eu avistei o Otton. Pedi a ele um pouco de sua água, felizmente ele ainda tinha. Foi minha salvação, a água mais gostosa que bebi em minha vida. A partir daí tive uma ligeira melhora e acabei conseguindo chegar na reta final e ultrapasar a linha de chegada, onde finalmente recebi minha merecida medalha. Mas é isso aí: Eu, assim como todos nossos amigos, completamos a prova, alguns até subiram no pódium ( Márcia e Alexa), ninguém subiu no caminhão vassourão. Meus parabéns para todos, e em especial aos amigos MALAFRONTE, RAYMUNDO e ALICE que não subiram no pódium mas em termos de força, garra, determinação e superação FICARAM EM PRIMEIRO LUGAR GERAL. Ficamos felizes ao vê - los ultrapassarem a linha de chegada... são pessoas como vocês que nos fazem olhar para cima e acreditar que é possível.

Um comentário:

OFF ROAD BIKERS disse...

Show a prova Jorge!!!! A descida depois da serra do palmital sofri bastante lá, meus ossos pareciam soltos, mal conseguia segurar o guidon ou freiar. Foi o bicho
Grande abraço